15 de março de 2024

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Caos e borboletas

    Feridas lambidas, cicatrizes expostas, lama seca agora já transformada em pó, borboletas saindo novamente de seus casulos, muita água, muito querer, nenhuma flor. 
    Como caminhar quando existem diversos caminhos, mas nenhuma noção de direção? Como fingir não ter medo quando a realidade bate na porta anunciando que já não há o mesmo tempo e que as coisas não irão acontecer da mesma maneira? A menina continua, mas não possui nenhuma bússola e são poucos os dias em que é possível enxergar o céu. Durante a noite, sempre existe a possibilidade de uma grande enxurrada, ocasionada por motivos diferentes dos iniciais, que ninguém conhece porque ela prefere a ilusão e a viciante excitação do engano ao alinhamento de quereres. 
    De certa forma, é bastante provável que o caos tenha se tornado um amigo, à moda daquilo que espera-se de um amigo de longa data, que nos conhece só de olhar e que não precisamos nos alongar em explicações complexas para sermos entendidos, bastando um café e algumas músicas em um sábado qualquer para que todo o sentimento se exponha sem grandes esforços. 
    A menina aperta a mão do caos em sinal de cumprimento e o convida para entrar e conversar, misturando todos os sabores e sensações, sentindo com uma intensidade diferente e estranhamente maior e mais sufocante todas as vontades e todos os delírios, todos os medos, os pensamentos intrusivos, as paixões sem cabimento e as emoções sufocadas.
    A menina que, ironicamente, sempre preferiu um mundo claro, agora apega-se ao caos. Ele, como moeda de troca, afirma ser o seu amigo mais profundo e mais antigo, tentando convencer a menina a apostar na euforia do que é platônico, a acreditar que está tudo bem vincular com um grande emaranhado de linhas velhas o passado e o futuro e a apostar tudo o que se é na vantagem da loucura. Tratando-se de alguém louco, às vezes é preferível não possuir algumas experiências. É tarde, agora ela já voou muito perto do sol.
    Para a menina, sentir o caos é como sentir um tecido muito longo nos enrolando devagarinho, começando pelos pés. O tecido é áspero, quente e de um vermelho muito vivo, de onde não é possível se desvencilhar. Ele incomoda porque não conseguimos afastá-lo e, antes mesmo de qualquer possibilidade de defesa, estamos atados até o pescoço com várias voltas de um lençol escarlate. No fim, nossa fragilidade é a principal culpada. No fim, não nos conhecemos mais porque não conseguimos acompanhar nossos limites.

    Eu não sei quando começou. Não sei se foi o cheiro, a sensação de ser percebida, a procura, a identificação no mesmo nervosismo e no medo de ser sozinho no desconhecido ou simplesmente a própria montanha russa em que estamos, porque a vista lá do alto é sempre fascinante e o pânico da descida ainda me emociona e faz eu querer mais.


    Nada disso importa de verdade, é só caos. É a poeira nos olhos por causa do vento. Vai passar.

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27 de dezembro de 2023

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Insetos

    Chove sem parar. O para-brisa daquele carro frio e duro balança em seu próprio ritmo de vai e vem que parece dançante ao mesmo tempo que também descompassado, pois treme. Em conjunto, acompanhado por pequenos rangidos, ele deixa marcas de rastros no vidro velho como se adquirisse a capacidade de uma agulha de vitrola que percorre repetidamente o mesmo destino circular, ouvindo canções do mundo todo e tirando delas a conclusão de que o ser humano, na sua enorme ignorância, olha somente para o seu próprio reflexo no espelho, apaixonando-se por si mesmo e esquecendo-se do quão pequeno é.

    Será o ser humano na verdade um pequeno inseto? E, se assim for, será ele daqueles insetos frágeis, de aparência bondosa, de leveza que refresca, com asas semitransparentes e cores que o sol reflete e agradam aos olhos do observador ou, opostamente, é o ser humano o mais repugnante de todos os seres, com longas e finas patas pegajosas, com o corpo oco coberto de crostas duras, visto facilmente correndo em direção aos bueiros dos grandes centros? E, sendo inseto, por que um único e minúsculo ser humano pensa ser razoável acreditar que contém em si próprio a expressão da maior dor possível? Por que, logo ele, observador sincero apenas de si mesmo, que faz da sua medida a medida do mundo, que só fala e só produz através de cópias dos que vieram antes dele e que na verdade só se faz bom por causa do suborno do céu, por que logo ele, teria unicamente em si a agregação de todas as emoções puras e autênticas, que invalidam quaisquer outras motivações para permanência do universo?

    No início a menina acreditou ser a única a presenciar a grande tempestade e a testemunhar toda a fúria com que o vento, sem avisar, levou para longe todo o conforto de ter uma estrada que achava segura para caminhar. A tempestade arrasou não só o caminho, mas carregou consigo diversas árvores de raízes profundas, nas quais a menina tentou, em vão, se agarrar. Por fim, restou o solo vazio e revirado, de barro vermelho, encharcado, encharcado de chuva e de lágrimas. 

    Ela, não sabendo mais por onde procurar abrigo, sujou-se ainda mais de lama, escavando com a ponta dos dedos, até sangrar. Quando não conseguiu mais andar, engatinhou e debruçou na tentativa de percorrer o chão duro. Quando os joelhos e cotovelhos não aguentaram, arrastou-se até a beira de uma roseira, a única que seus olhos marejados foram capazes de distinguir e, como se não bastasse todo o escarlate vivo que a tempestade causou, os espinhos da roseira lhe causaram ainda mais dor e foram maiores que todas as rosas. 

    Longos dias expiraram enquanto a menina esteve envolta com o barro que a tempestade deixou. Em alguns dias houve sol, o que pareceu até ser fruto de algo divino e bom, depois novamente gotas profundas marcaram grandes fissuras no solo e foi assim que, depois de tanto procurar razões, a menina achou-se a ela própria e a todos pequeníssimos e insignificantes diante de toda a existência fora de si mesma, inclusive diante de tudo o que ela supunha ser inanimado. Na verdade, sabendo agora o que não sabia antes, a menina encara sozinha a grande tempestade e entende que ela atinge a todos, pois mesmo que seja percebida de forma diferente, a tempestade é grande demais para todos os que sentem. 

    A tempestade que pareceu trazer o fim, na verdade revela devagarinho que existe mais mundo depois do fim do mundo e que todo o fim gera, como uma mãe ansiosa, um novo começo. O ser humano, por mais astuto que pense ser, no fim de tudo é apenas mais um inseto indefinido percorrendo, trêmulo de medo, o novo e verdejante caminho. 


Existem milhares de crianças com a infância violada que choram de desespero enquanto nós, insetos, amamos a nós mesmos e nos sentimos ofendidos pela dor que outro inseto nos causou. Há beleza no mundo fora de nós mesmos. Um dia, nos apaixonaremos novamente por outros pequeníssimos olhos de inseto iluminados pelo sol. Somos, no fim, uma parte insignificante do todo, que é infinitamente maior e melhor que nós mesmos um dia sonharíamos em ser.

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17 de setembro de 2023

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E eu, oceano

Com as mãos trêmulas ela escreve uma carta que espera que no fundo ninguém possa ler. É tudo tão novo, tão abrupto e ensurdecedor. As lágrimas caem como se não tivessem importância alguma, o coração acelera a cada lembrança, a cada sinal de que nada disso deveria estar ali.

É irônico que tantos livros que contam a mesma história não sejam suficientes para fazê-la entender aonde isso vai chegar, afinal nenhuma história de amor é igual. Feliz é aquele que reconhece a beleza na luz do luar, no som dos pássaros voltando pro ninho no final do dia, na brisa quente de um entardecer que antecede a chuva mansa que vem chegando de um lugar mais longe ou até no cheiro de um livro novo acompanhado de um café na mesinha de cabeceira. Feliz é aquele que realmente se dá por satisfeito com essa visão. Feliz é aquele que se contenta em sua própria solidão, em sua própria busca pelo mais íntimo de si e pela arte de esculpir a si mesmo e, cada novo ano que nasce, consegue forjar uma versão melhor daquilo que se era antes. Feliz é aquele que suporta bem a ideia de estar só.

O que faria Colombina? Ela gritaria aos sete ventos tudo o que não suporta? Ela abandonaria todas as lembranças como se fossem pétalas de uma flor que envelheceu e secou e agora caem aos poucos no chão escuro e frio? Ela também sentiria no estômago essas mesmas borboletas novas que anseiam tanto pelo risco? As borboletas estão longe de morrer e isso incomoda porque parece não haver mais espaço pra mantê-las a salvo sem expô-las a luz do dia.

É possível inquirir que, apesar de tudo, apesar de toda essa urgência ininterrupta e dolorida, Colombina agradeceria a figura de seu Arlequim. Agradeceria sim, porque existe beleza em toda essa confusão. Existe um novo sopro de vida a cada chegada que antes parecia nem existir, em cada detalhe acinzentado daquele horizonte distante que ela anseia em desbravar. Ela agradeceria porque está de volta ao oceano que carrega em si e finalmente parece ameaçar sair do porto. No fundo, sempre foi o mar que lhe manteve desperta e motivada. Ela precisa da inquietação do mar para sorrir em paz.

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10 de agosto de 2020

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Pequeno texto sobre o "encontrar-se"

Lá fora eu vejo pessoas seguindo o seu caminho, encontrando seus pares, procurando uma nova fantasia para ocuparem a mente em seus poderosos aparelhos celulares. As tardes seguem vazias no centro da cidade, sem brilho, sem sorrisos e sem aquelas conversas sinceras que expõem a imensidão existente dentro de cada um. 
As pessoas fingem estarem sozinhas em todos os ambientes, mesmo rodeadas de pessoas. Isso acontece porque assim torna-se fácil passar por cima do medo da comparação, da estigmatização, da vergonha da própria subestimação que conflitua dentro de cada um com o medo de arriscar, travando os músculos, trazendo a impossibilidade de se ir longe, de engatinhar, de simplesmente admitir que toda decisão acarreta um começo. As pessoas tem medo de serem pequenas demais para esse mundo que parece tão grande, mas que pode ser extremamente menor e incrivelmente comum àquilo que cada um tem medo de demonstrar.
Nós seguimos distantes, mesmo sem razões para sofrer, mesmo com uma mão amiga, já cansada, estendida em nossa direção. Procuramos no céu a imensidão que não somos capazes de encontrar em nosso próximo, procuramos a força que as vezes pensamos não haver na beleza de sentir, na beleza de simplesmente prosseguir e deixar o coração bater mais forte. 
Um dia não teremos medo de nos cegarmos com o nascer do sol em nossa fronte, um dia os pássaros estarão mais perto e sentiremos a brisa suave em nossos cabelos. Um dia a utopia tornar-se-á realidade e sentiremos o carinho que estamos, a cada novo amanhecer, preparando a nós mesmos. Será como um agradecimento pelo prosseguimento, pela coragem, insistência e, acima de tudo, pela certeza de amar cada milímetro do que se é. 

Não desista de se encontrar. 

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22 de agosto de 2019

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De mãos dadas

Nesta manhã a menina acordou com pressa. Não teve tempo para abrir a janela e olhar o nascer do sol e nem mesmo para esquentar o seu café puro de toda a manhã. Ela se arrumou, colocou seu casaco, passou o seu perfume barato e saiu. A menina aproveitou o percurso que deveria percorrer até chegar ao seu destino para refletir sobre tudo o que acontecera com ela nos últimos tempos. Às vezes ela sente como se o cérebro dela fosse um novelo de lã emaranhado, cheio de nós que ela tenta desfazer e, para isso, ela precisou ter coragem. Dessa forma, a menina recomeçou a tecer a sua vida através da experiência adquirida anteriormente. Ela aprendeu a atar e desatar nós com mais força e sem medo de romper a linha se for necessário. Ela continuava a andar muito rapidamente, a passos largos e com o cachecol voando com o vento gelado daquele dia. A menina sentia-se feliz com o recomeço, porém indubitavelmente carregava consigo a certeza de que não teria coragem de recomeçar, tomar uma posição diante de sua vida e ser feliz consigo mesma se não estivesse com alguém em seu coração. 
Ele esteve com a pequena menina em todos os momentos, bons ou não. Ele a abraçou e segurou a sua mão durante as incertezas e sorriu com ela quando o final foi bom. Quando ela recomeçou, ele observou o desenrolar do novelo de lã e ajudou ela a segurar todos os fios para pô-los no lugar certo. A menina vem aprendendo a enxergar os momentos em que ele lhe deu a mão e olhou com seus olhos profundos e indagadores no fundo dos olhos melancólicos e distantes dela, dizendo que todas as coisas cooperam para o bem. Ele esteve com ela quando ela precisou de um abraço apertado. Ele esteve com ela quando ela chorou achando que o mundo todo iria desabar. Ele é, muitas vezes, o refúgio dela e ela possui imensa gratidão por isso. 
Chegando ao seu destino, a menina relembrou do quanto precisa agradecer pelos bons momentos compartilhados. Ela precisa agradecer pelo quanto aprenderam juntos enquanto liam sobre as definições do que é o amor na filosofia e de como aprenderam o quanto são andrógenos e que por serem andrógenos o amor as vezes dói pela distância ou por algum destemperamento. Ela precisa agradecer pelos bons momentos ouvindo e aprendendo a cantar as músicas que ela mais ama ao lado dele. Ela precisa agradecer pelo quanto sonharam e sonham juntos a até mesmo pelo quanto amam ou detestam juntos, mesmo sem admitir e muitas vezes sem deixar transparecer aos demais, exatamente as mesmas coisas. 

É certo de que não será passageiro. Juntos, eles percorrerão os caminhos da vida, sendo abrigo e proteção um do outro em meio a esse mundo de caos.
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28 de outubro de 2018

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Resiliência

Continue. Continue com todas as dores e mágoas e apertos bem fortes no peito. Continue apesar da vontade de sair correndo, de pular, de enfim voltar antes mesmo de ir embora. Continue enquanto a chuva indecisa ainda não vem. Continue apesar dos ventos fortes. Continue, mesmo sentindo o peso do esquecimento obrigatório nas costas. 
Continue mesmo com o medo de não saber em que ponto se deve voltar para recomeçar. Continue a partir da linha torta, não faz mal. Continue mesmo que não houver ninguém para lhe abraçar e lhe erguer se você cair. Continue mesmo com as mãos fracas e os olhos embaçados.
Continue mesmo querendo cantar enquanto lhe dizem que a sua voz não é boa. Continue enquanto você desenha traços errados de um corpo que na sua imaginação é perfeito. Continue caso o seu cabelo voe e permaneça bagunçado. Mude o cabelo ainda quando lhe disserem que ficará feio. Continue quando o esmalte preto estiver descascando nas unhas, isso significa que você não tem medo de se desajeitar enquanto se agarra ao mundo. Continue quando a estrada for íngreme demais para subir e seus joelhos parecerem não suportar. Continue quando a sua condição não estiver no padrão reconhecido socialmente. Continue quando as roupas naquela loja dos sonhos não couberem mais em você.
Continue quando a respiração estiver fraca, quando mais uma lágrima cair.
Continue e você montará o quebra cabeças de si mesmo, de queixo erguido.
E, continue, mesmo que você não faça ideia de como será o final da jornada.
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5 de setembro de 2018

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Partigiano


Os pássaros voam dentro de uma redoma de vidro sem saber que estão dentro dela. Eles batem asas ao voo livre, voam em direção ao céu, crendo que são livres. Pobres animais, bateram o corpo no vidro que os cerca, tontearam e, por fim, foram jogados em queda livre na direção do chão.
Um peixe tenta escalar um árvore, um macaco pensa que pode e deve mergulhar. As flores tentam se manter firmes mesmo no outono, os girassóis deixam de acompanhar o sol, na expectativa de agradarem a formosa noite.

A menina caminha, sem saber em qual direção. O bosque está fechado, as luzes apagadas. Onde está a luz dos seus olhos? O que levou aquele brilho embora? O mundo as vezes parece que mudou de cor. 
O tempo continua nublado, como na grande maioria das vezes, porém não há mais aquele vento morno, anunciando tempestades, ainda que exista, em raras situações, uma garoa fraca. A menina continua o seu caminho, indo e voltando de lugares, observando os carros, as crianças, os animais de estimação. De vez em quando, os carros parecem não comportarem pessoas dentro dele, parecem apenas mais um objeto, mais um item descartável. As crianças, quanto mais menores, mais salvas parecem: são inocentes, brincam, andam de mãos dadas com o seu guardião, não reconhecem a preocupação de aparecerem, interagirem e serem notadas no mundo que as cerca e não entendem e dessa forma também não participam, da fluidez com que as coisas são criadas, desmanchadas e recriadas novamente no ambiente onde estão. 
A menina pretende nunca desmoronar, nunca deixar de acreditar em um novo amanhã, nunca deixar de tentar novamente, por mais que se sinta, frequentemente, dentro de um aquário, nadando ano após ano no mesmo local enquanto busca por alguma novidade, o que faz com que perca, por muitas vezes, a sua força.
No fundo, ela sabe que tudo sempre passa e o mais importante é permanecer de mãos dadas com o seu heroi, que a protege dela mesma e tem paciência suficiente para esperar por um novo amanhã.

Será ela, ao lado dele e de mãos dadas, a resistência ao mundo que lhe arranca o brilho dos olhos. 
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18 de julho de 2018

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Aquele velho navio

Naquela manhã a chuva era fraca como essas manhãs de agora, o vento não era desses mornos, que antecedem tempestades, mas soprava em boas direções para quem ousasse navegar em um grande navio. Neste navio, a menina embarcou. 
De vez em quando as noites foram estreladas, cheias de brilho e novidade, com longas conversas e boas bebidas para a menina e o seu acompanhante, o general. Entretanto, algumas outras noites não puderam alegrar a todos, tendo lá as suas tempestades, que as vezes realmente faziam os marujos a bordo tremerem, mas em outras, as tempestades criadas pela própria menina, cabiam em um copo d’água e não assustavam ninguém além dela mesma.
Alguns dos momentos da vida da menina, ao lado de seu acompanhante naquele velho navio, foram os mais felizes que ela já viveu e mesmo que uma onda gigante os engolisse para dentro do mar e simplesmente levasse tudo embora para sempre, ela saberia que teria valido a pena. 
A bordo do navio, menina também pôde aprender que viagens longas, ainda mais realizadas a dois, merecem o máximo cuidado e o máximo de companheirismo e confiança, pois sozinhos somos incapazes de manter o navio inteiro, de segurar o leme e levantar as velas. Sozinho, aquele velho navio não se move e cada segundo sem o acompanhante é uma pausa no meio do mar, dentro de uma tempestade, sem bússola, mapa ou luz das estrelas e, assim, tudo deixaria de fazer sentido. 

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11 de julho de 2018

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Vinte e dois

Hoje a menina acordou em uma manhã chuvosa e cheia de afazeres para irromper com o silêncio da noite passada. Esse dia, apesar da chuva, apesar dos afazeres, apesar do barulho, é um dia especial. É o dia em que nasceu aquele brilho, o dia em que aqueles olhos abriram pela primeira vez e uma nova esperança e uma nova música surgiram. 
Nesse dia, a menina somente deseja poder sempre comemorar essa data tão especial ao lado dele, o seu amor, o seu herói. Com ele a menina renasceu, reaprendeu, enxergou novos motivos para sorrir, novos motivos para sonhar, para sentir. Com ele, a menina aprendeu e ensinou, viu e mostrou, ouviu uma nova história e tocou uma nova melodia. 
Obrigada, meu amigo, meu namorado, meu general cheio de anéis, por ser tão insubstituível em minha vida. Parabéns pelo seu aniversário, parabéns por continuar sempre em frente, com os olhos sempre brilhantes e a esperança sempre latente. Obrigada por dividir mais um dos teus anos comigo, anos estes em que sempre compartilhamos aprendizados, experiências, sonhos, e peço, claro, que permita sempre seguir em frente ao teu lado.

Porque quando a menina entendeu o que acontece quando se ama, ela notou que sem o amor nada sobrevive, muito menos ela. 
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26 de maio de 2018

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O despertar da força

Parece que, finalmente, a menina completou um ciclo daqueles ciclos que faziam parte dos seus sonhos para a posteridade. Um ano depois e tudo mudou, assim como as fases da lua mudam, assim como um livro muda parte daquilo que pensamos saber sobre o que somos e de onde viemos e assim como as árvores, que antes perdiam somente as folhas, podem agora também ser podadas e, por fim, voltarem a crescer. A menina relembrou que tudo pode passar e que todas as coisas são frágeis demais. Por conseguinte, ela ainda descobriu que algumas flores difíceis de cuidar nos são dadas por pessoas especiais e que merecem toda a nossa atenção. Além do mais, essas pessoas especiais cuidam mais da gente do que de qualquer flor. Há um ano atrás os olhos da pequena menina voltaram a brilhar, o coração voltou a acelerar e a força enfim se despertou. Há um ano atrás as chuvas se tornaram boas e fáceis de encarar, o sol ganhou mais vida, o sopro do vento fez-se mais descansado. Ele finalmente chegou. Ele chegou e trouxe a força com ele. Ele chegou e deu para a menina todo o seu coração e a menina deu todo o dela de volta. Ele chegou e permaneceu. Ele chegou e tornou-se o super herói da menina que nem merecia ter um herói particular. Ele tem os olhos mais brilhantes e complacentes do mundo. Ele tem o sorriso mais sincero que ela já viu e que faz a vida toda parecer mais leve. Ele tem as mãos mais seguras e mais afáveis e possui o calor mais confortante e mais protetor que a menina já sentiu. O seu herói é de carne e osso. Ele respira, ele é capaz de sentir, rir, chorar, se enraivecer, amar. A menina já sentiu vontade de colocá-lo em uma caixinha e nunca mais tirar os olhos dele. A menina já quis morrer envolta naquele abraço, pra que o mundo nunca mais existisse sem o som das batidas do coração dele. E, por fim, parece que apenas começamos.
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Dois anos de uma grande árvore

Porque há dois anos atrás ela não imaginava o tamanho da árvore que havia plantado e nem o quanto essa árvore cresceria. Porque dele é o coração dela, com todos os medos e os segredos. Porque, depois de dois anos, o mundo já não parece ser igual a antes. Nem mesmo o vento tem o mesmo toque. Nem mesmo as músicas que ela ouvia antes fazem algum sentido se ele não ouve com ela e dá a sua opinião sobre aquela letra que falava de um amanhã melhor. Porque as calçadas tem outro tamanho quando se está em par e isso é muito bom. Porque os cheiros, os gostos e até mesmo o olhar mudaram com esses dois anos que foram os em que a menina mais aprendeu e provavelmente mais cresceu. Ele esteve com ela e fez aquela grande árvore brotar e crescer. Ele esteve com ela e é melhor do que qualquer um pode ser. Em cada momento, sendo bom ou não, ele lhe deu a mão e mostrou um caminho novo. Ele esperou passar a chuva que a árvore que a menina plantou não suportou. Ele esperou debaixo da árvore e também, algumas vezes, se molhou. Ele também sentiu os raios do sol e a sombra perfeita pro calor que as vezes fez. Muitas vezes a árvore foi arranhada, mas está a cada dia mais curada e ele esteve junto da menina, zelando pela árvore, que agora fixa as suas raizes em um solo cada vez mais seguro. Obrigada por ser como você é. Obrigada por me dar a mão e por estar comigo em todos os momentos, inclusive quando as vezes não parece bom. Obrigada por compartilhar comigo a sua vida e por permitir que eu faça parte dela. Obrigada por sorrir, por sonhar, por cantar mesmo que fora do tom. E me desculpa por não escrever um texto tão bom.
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20 de março de 2018

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Cor de rosa

Algumas vezes ela imaginou que precisava ir muito longe pra encontrar o seu caminho, porém a menina se enganou. As vezes, tudo o que queremos é aquela rosa do nosso jardim que é igual a todas as outras rosas, porém é a nossa rosa querida e cuidada. 
O dia amanheceu tão calmo naquela manhã. O reflexo do fraco nascer do sol entrava pela janela do seu quarto e acabava com aquele breu. Quando o dia amanheceu, nada mais parecia estar tão ruim quanto na noite anterior. Tudo acaba, e as vezes acaba bem. 
A menina se arrumou e saiu. Será que já é tão tarde assim para que ela possa pular nas poças d'água, como uma criança alegre em uma manhã de outono? As vezes ela pensava ser tão grande em um mundo tão pequeno, contudo esse foi um dos seus piores erros: ela é que era tão pequena para uma terra tão grande, onde as outras pessoas também se achavam tão gigantes e faziam das suas vidas moeda de troca. Será que vale a pena? 
A menina não enxerga mais com os olhos banhados de orgulho e pretensão. Nada vale a pena se no fim, não tiver realmente um fim. Como assim? Acontece que a menina entendeu, enquanto pensava se podia ou não pular nas poças d´água, que o essencial, o verdadeiro, o nobre, aquilo que realmente importa, é invisível aos nossos olhos. No fim da sua reflexão, ela pulou na água, e então recebeu em troca algo invisível aos olhos, mas que era o seu desejo mais profundo: A pequena e, muitas vezes medrosa menina, sentiu-se feliz em enxergar a alegria naquele pequeno gesto e, quem sabe, sentir uma espécie de liberdade em enxergar com o coração. 
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14 de fevereiro de 2018

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Uma gota no oceano

A menina está tentando se acalmar, mas a paisagem passa muito rapidamente por seus olhos enquanto o carro corre. Ela entendeu que não precisa começar novamente, e muito menos precisa de mais tempo para perceber onde está. Isso depende somente dela, e talvez tenha sido sempre assim.
O vento sopra através da janela, o clima quente não a incomoda mais, uma vez que está em casa agora. Todas as árvores balançando, todos andando, todos impetuosos por vencer o mundo, mesmo que se precise ir contra o universo inteiro, mesmo que se perca um amigo nessa jornada. Parece tão difícil ir mais devagar. Parece tão difícil acreditar que existe um momento certo para todas as coisas e que não se deve adiantar os desprazeres e as dores da vida enquanto os males nem mesmo ocorreram.  
É tão difícil fechar os nossos olhos perante um mundo de caos. É tão difícil tentar ir mais devagar, porque as vezes parece que as ondas do mar irão nos levar para muito longe daqui e nunca mais nos encontraremos. 
Não vale a pena se for pra não ser verdadeiro. Não vale a pena se não for pra acreditar num amanhã mais calmo. Não vale a pena se nunca mais pudermos nos deitar naquele gramado e somente olharmos o céu. Não vale a pena se tivermos que sempre perder amigos e se sentir no dever de esquecer as boas lembranças. Não vale a pena se não soubermos o que é verdadeiro e o que não é. Nada fará sentido se um dia decidirmos nunca mais nos ver. O céu perderá o seu azul e a chuva não cessará nem mesmo ao fecharmos nossos olhos. Você se tornaria mais uma gota no oceano, mas ainda assim seria a gota que eu conheci. Mesmo de longe eu poderia saber que seria você e tudo o mais não importaria novamente.
A menina acredita que possamos ir mais devagar. Não precisamos começar novamente, não precisamos voltar ao início, não precisamos acabar. 
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31 de agosto de 2016

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Tempo

Não se pode mais parar no meio da estrada. Não se pode mais dar um abraço bem apertado e se mergulhar em lágrimas. Não se pode mais ouvir aquela velha música acompanhada com um café. Não se pode mais deitar na cama, enrolar-se e simplesmente dormir. Não se pode mais olhar no fundo daqueles olhos e o ouvir daquela boca as palavras mais lindas do mundo. Não se pode mais ouvir dizer que o mundo anda muito rápido e que tudo está virado em um caos. Não se pode mais dar as mãos e não querer nunca mais soltar. Não se pode conversar. Ouvir. Dizer que sentiu falta de alguém. Não se pode brincar, nem mais escrever. E hoje, logo pela manhã, descobri que já não se pode olhar para o céu e, em meio às nuvens, admirar o sol nascer. Nem ao menos fitar o que antes chamaríamos de infinito, posto que agora é somente um dia comum.
           Nós queremos o mundo de volta e queremos o mesmo vento que ventava naqueles fins de tarde na primavera passada. Quero muito, e você sabe, os mesmos pingos da chuva de setembro passado, onde outrora eu te conheci. Quero tanto e se o mundo todo parasse pra ver, veria que tudo o que eu quero no fim se resume em ficar com você.
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4 de maio de 2016

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Meu herói

Talvez ela tenha passado muito tempo procurando por algo específico e deixado de viver o momento que lhe entregavam como um presente em suas mãos. Talvez ela tenha visto as folhas das árvores amarelarem e caírem outono após outono, mas não tenha se dado conta do que realmente aquilo significava. Talvez ou, na realidade, muito provavelmente, ela tenha deixado os anos passarem sem com que as folhas amarelassem e caíssem dentro dela e, por consequência, sem amadurecer novos frutos, novos ideais. 
     Talvez o café que ela estava acostumada a beber todos os dias de manhã, não fosse antes tão saboroso quanto agora é. Talvez chutar as folhas de outono que caem naquela rua tão conhecida não fosse antes tão divertido quanto agora é. Talvez e, na realidade, muito provavelmente, cada novo surgir do sol antes não tivesse tanto sentido quanto agora tem. 
      Ela encontrou quem risse das suas piadas infames. Ela encontrou quem chutasse as mesmas folhas e tomasse sempre o mesmo café. Ela encontrou quem achasse graça nos momentos em que ela falasse sozinha. Ela encontrou alguém com muitas manias, que embora diferentes das dela, não são menos importantes. Ela encontrou alguém com ideais austeros e exímios de opinião. Ela encontrou alguém que erra e admite que errou. Ela encontrou alguém que conserta. Ela encontrou um sorriso que por vezes é quase tímido, mas que constantemente se manifesta e resplandece no brilho do olhar. Aliás, "encontrou" aqui é somente para efeito de construção frasal. A menina não encontrou, pois ele não estava perdido. A menina conheceu. Reconheceu. Aconteceu. 
    No fundo, ela sabe que ele também foi um pouco responsável por salvar-lhe da completa escuridão. Ela admite que a vida é feita para se aprender e que nada está completamente solucionado, já que ainda haverão outras questões. Por hora, o que importa é que ela encontrou o seu herói, que faz o mundo ganhar um novo sentido e se tornar um lugar menos ruim de se viver. Sim, um herói sem capa e que ainda aprende a entender a vida, assim como ela.

E, por esse herói, o coração da menina arde.
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19 de março de 2016

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Que o amanhã pra sempre viva

O inverno ainda não chegou, contudo muitas folhas já caíram e muitos galhos já secaram e floresceram novamente. Nos últimos meses, a menina chutou as folhas de outono que caíam pelas ruas algumas dezenas de vezes a mais do que o número de chutes que deu durante o tempo que vivera da sua vida até ali. O tempo ainda não passou, mas é como se tivesse subitamente voado e lecionado à menina coisas que vão desde a pré história até o fim dos tempos e, ao passo atual, ela sabe que não chegou a nenhuma espécie de conclusão apropriada.
Hoje à tarde, a pequena menina decidiu correr novamente. Sim, ela sentiu falta dos pássaros que antes mal conseguia avistar, parecendo mais como borrões em uma tela de pintura colorida de azul. Ela sentiu falta dos pulmões cheios de ar e das vezes em que admirava a astúcia dos cachorros e gatos que perambulavam na avenida em busca de abrigo e proteção. Pode-se dizer ainda que ela tenha até sentido falta de estar verdadeiramente sozinha enquanto se sentia dessa forma, pois o pior estado de solidão é aquele em que estamos acompanhados ao mesmo tempo em que estamos sós e, inquestionavelmente, por vezes isso ainda persiste dentro dela. Nesta tarde, a menina tentou imaginar onde se abrigam todos aqueles pássaros quando a noite vem e tentou imaginar qual fora o local de nascimento dos animais de estimação abandonados. Mesmo sabendo da irracionalidade destes seres, ela se colocou no lugar deles e deu-os sentimentos imaginários. Por alguns segundos, a menina sentiu o que, para ela, os animais desamparados sentiriam: as pessoas veem, olham, passam e, por vezes, até alimentam, mas na realidade quase ninguém se importa com o bem estar, aliás, as pessoas são assim, e elas é que são racionais e corretas, não é mesmo?!
Não, a menina não chegou a uma conclusão sobre tudo o que aprendeu e ainda vem aprendendo, mas elegeu como primeira certeza o fato de que ninguém precisa se contentar com tentativas. Vá e faça e espere que façam também.

Chegado o final do dia, a menina desenhou um coração no vidro embaçado do banheiro, desejando que o coração dela nunca parasse de acreditar no amanhã.
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23 de fevereiro de 2016

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Que horas tu virás?

Provavelmente ela nunca saiba falar com exatidão o que sentia por ele e desde quando começou a sentir algo mais forte. Talvez ela nunca saiba explicar como as coisas se transformaram no que hoje elas são e ainda insisto em dizer que talvez ela nunca quis, antes de tudo, que a vida tomasse esse rumo.
Como estamos agora? Estamos em um abismo, fitando a sua beira com a mesma inocência de uma criança inocente e perdida ou estamos presentes e cientes do quanto isso é importante e do quanto nossas atitudes são definidoras de nossas vidas e, quem sabe, da vida de uma nova geração? O que sou? O que sei agora? O que me tornei?
Sim, não sou a mesma de semanas atrás. Embora eu tenha o mesmo gosto por alguns aspectos peculiares da vida, não tenho mais a mesma visão de como posso sentir o mundo exterior que me cerca. Sou somente eu que me encontro nessa esquina? Não sei se posso confiar cegamente nos olhos que me observam com tanta atenção. Não sei até onde posso prever algo, ou até onde posso tentar diagnosticar e remediar as feridas quase cicatrizadas e a culpa aparentemente perdoada, mas que, quando lembrada, nos rodeia como a presença de alguém estranho é temida em nossos pátios. Nos lembraremos de tudo, mesmo que o pra sempre deixe, porventura, de existir. No fundo, saberemos que fomos os primeiros a assistir aqueles episódios tão aguardados. Nós seremos sempre os nossos primeiros, ainda que, com o passar das décadas, a distância na presença comece a morar em nós, apesar de toda a relutância que possa vir a existir.
Por fim, suplico pra que não nos esgotemos de amor, coragem e sinceridade. Porque se algo maior existe, esse algo está em ti. E, para mim, o brilho dos teus olhos reflete todas estas coisas.

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14 de fevereiro de 2016

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Cores

Aquele foi somente mais um dia qualquer, entretanto, no final dele, o céu resolveu mostrar as suas cores. Assim como ocorre quando as coisas boas surgem na vida de alguém, nem todos perceberam aquele momento único e sublime. Outras pessoas, porém, perderam a chance de ficar em silêncio observando e fotografaram as nuvens cor de rosa. Sim, uma fotografia será guardada intacta por décadas, mas por muitas vezes o presente deve ser mantido e cultivado no instante em que ele é vivenciado.
A menina passou uma vida buscando novas etapas e novos sonhos para serem sonhados. Aliás, ela fez mais: Passou o seu presente planejando o futuro e imaginando as novas pessoas do seu futuro, esquecendo-se, assim, de que haviam amigos ao seu lado e, incontestavelmente, esqueceu de olhar para as borboletas que bajulavam as flores vivas e esqueceu da imensidão azul acima dela. No fim, por sorte, ela acordou.
Acontece, meus caros, que queremos tudo e queremos tudo de todos. Acontece ainda, que quereríamos mais assim que conquistássemos tudo. Uma hora na vida a gente precisa aprender que o nosso presente mostra, em frente aos nossos olhos, o futuro que buscamos enquanto ignoramos o dia a dia. Será mesmo que já não somos ganhadores há muito tempo e ainda não percebemos?
No fim das contas, a menina deixou de ser covarde e assumiu as suas palavras e o seu presente como sendo o sonho tão esperado daquele futuro antigo que era igualmente tão incerto. A vida é valiosa, e aqueles olhos olhando no fundo dos olhos dela são ainda mais. Igualmente, ela não pôde, de forma alguma, se opor ao que cativou e ao que levou ela a ser cativada também. Cada segundo deve ser aproveitado, cada milímetro de vida deve ser respeitado, cada segundo de felicidade deve ser desfrutado e desenvolvido. E essas coisas devem ser assim simplesmente porque elas existem e, especialmente, porque assim como as cores do céu em um final de dia, elas são absurdamente raras, pois amores recíprocos são raros do mesmo modo.

Poucos sabem o quanto isso é incrível.
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8 de fevereiro de 2016

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Estrelas

Imagem para a postagem "Estrelas" no blog Amor e Oxigênio

Talvez o céu não tenha as cores mais belas como foi outrora, mas mesmo assim já é passada a hora de acordar. A menina despertou e saiu a passos largos, mesmo percebendo que não estava atrasada. Sim, ela foi buscar a cor do seu mundo. Ela foi acolher aquele sorriso e foi perceber o convite ao silêncio em meio a um abraço. O coração bateu forte. O coração ardeu.
Muito provavelmente ela tenha esperado uma vida inteira por isso e sem dúvida alguma estava certa do que queria. Não foram mil anos, mas foi tudo aquilo o que ela tinha, e a pequena menina não pode deixar algo assim escorrer por suas mãos, mantidas, assim como a sua mente, atônitas o tempo todo, somente vendo tudo passar porque aquela era a lei maior de sua vida, há alguns meses atrás. A verdade é que tudo passa, é claro, porém somente se deixarmos passar. 
Vamos olhar para cima. Talvez a resposta esteja em olhar para as estrelas. O que será que as estrelas mais velhas carregam para chegar onde chegaram e para estar tão longe quanto estão? O que será que aqueles olhos carregam agora? A verdade é que a menina encontrou a sua estrela e foi ela quem lhe ensinou que devemos sempre olhar para cima. Por fim, ela entendeu que a diferença é um aprendizado e que todos precisam navegar um pouco para encontrar o seu porto seguro.
E nos seus olhos eu aprendi que as estrelas também queimam e algumas até caem. Ainda assim, sempre estaremos olhando para cima, porque a gente sabe que vale a pena.

Não quero ser alguém que vai embora facilmente. Estou aqui para ficar e fazer a diferença que eu puder fazer. Jamais ousarei olhar para baixo novamente, eu te prometo.

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5 de fevereiro de 2016

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Noite

Imagem para a postagem "Noite" no blog Amor e Oxigênio

Porque nossos corações tem um ritmo parecido. Porque o vento morno anunciando a tempestade me lembra do calor das suas mãos. Porque a chuva acaricia a pele. Porque o vento anuncia a chegada do frio e o frio me faz sentir vontade de estar ainda mais perto.

A menina perdeu o sono e desistiu de tentar encontrá-lo novamente. As vezes acontece algo e, então, acabamos por nos situarmos parados, em um estado de quase meditação. Isolação interna, talvez. Os pensamentos voam e se perdem em questões de segundos. É, as vezes devemos ficar quietos e encarar o mundo com os olhos de um adulto e deixar a criança brincar em seu quarto. As vezes devemos tomar conta de nossas palavras que vagam soltas por aí, já que provavelmente alguém irá encontrá-las e nem sempre elas serão serenas como os olhos de uma criança sonolenta.
Talvez os sentimentos dos sonhos sejam diferentes dos sentimentos vividos. Talvez os sentimentos vividos nem sempre são aqueles que falamos de um modo desconexo e por impulso. Talvez o medo se mostre maior que todo o resto e, ainda que não devesse, talvez tenhamos muito por dizer e a voz acabe por falhar.
E, no fim, o dia acaba e poderemos rir novamente. Poderemos andar na beira do mar e admirar a imensidão. E eu, enfim, poderei dizer que os teus olhos são o infinito mais bonito que eu já vi.
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