29 de outubro de 2015

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Boa sorte

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Aquele teu olhar de felicidade me comoveu, sabia? Ta na cara, viu? Não escondas mais, não. Não escondas, até porque isso faz mal e, se eu pudesse, até te ajudaria. Por outro lado, é certo que eu deveria rir e deixar tu te frustrares sozinho, porque eu já senti na pele como essas coisas são. É como se a gente tivesse algo tão grande pra falar pra alguém que, se não conseguíssemos falar, explodiria dentro da gente e doeria muito, pesaria muito... Isso não se explica.
Eu sei o quanto é sentir, e tu sabes que eu sei. Sei também que se isso não der certo, vai acabar se afundando na poeira do tempo, mas não vai passar assim de repente como todo mundo diz. Infelizmente, não somos aquela porcentagem feliz da humanidade que troca a roupa e o amor entre o mesmo espaço de tempo e, inquestionavelmente, dói tentar esperar. E o que nos resta dessa conta da vida? Esperar passar ou então fazer de tudo pra que as coisas se ajeitem conforme desejamos.
Por fim, meu caro, eu percebo que ainda te recordas minimamente do que ficou na nossa poeira do tempo particular, ainda que os olhares cor de tempestade não sejam direcionados a isso e, de coração, espero que tudo dê certo por aí.
Além de tudo, espero que não cries um muro dentro de ti, pois aquele lá de Berlim já causou dor suficiente a gente demais e a gente que não precisava sofrer. Olha, eu me comovi com a tua história.. Eu me identifiquei nela, contudo, do lado de cá, acabou.  Ou vai ver, afundou. Boa sorte, mesmo.

Eu rabisco o sol, e a chuva parou...
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10 de outubro de 2015

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Realinhando

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A chuva ainda era abundante lá fora. Os pássaros, por consequência, fugiram em direção aos seus ninhos. Os cães abandonados se abrigaram nas marquises, as pessoas abriram seus guarda chuvas e começaram a andar mais rápido, num ritmo desajeitado que, por vezes, se tornava cômico. 
A menina não estava na chuva, mas assistia a tudo entusiasmadamente. Tudo lá fora era novo aos olhos dela e tudo aquilo contrastava com o som da sua gaita de boca.
"You are my sunshine, my only sunshine...", e nem o novo lugar a fez esquecer dos velhos tempos. Sua consciência não estava mais ferida, quanto menos seu olhar havia permanecido cabisbaixo. É certo que nem ela mesma conseguia acreditar em todas as mudanças ocorridas no último mês, ainda mais naqueles momentos em que a gente para tudo e respira fundo. Nesses, a menina deixou de desabar, ainda que pensasse angustiadamente em como seria dividir aquilo com mais pessoas, mais faces torcedoras e amigáveis, quem sabe. 
Sim, ela estava surpreendida por não estar mais na chuva e por, finalmente, fazer parte da tal normalidade que ela sempre buscou se encaixar. Não há explicação, agora a menina está livre. Seus passos voam, sua roupa e seu cabelo balançam com o vento e seu sorriso, enfim, deixou de ser forçado. 
Os caminhos estão se realinhando e ela vai esperar a chuva passar. Quando a chuva passar, a menina irá lá fora e procurará o dono dos olhos cor de tempestade. Lhe contará sobre as pétalas das novas flores, lhe explicará sobre a origem dos sorrisos eufóricos e exprimirá o que esteve guardado com ela durante todo o inverno. 

A chuva passa, os sonhos ficam e se realizam.
Falávamos de amizade e cumplicidade e, dessa forma, a vida continua. 
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