10 de outubro de 2015

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Realinhando

Imagem para a postagem "Realinhando" no blog Amor e Oxigênio

A chuva ainda era abundante lá fora. Os pássaros, por consequência, fugiram em direção aos seus ninhos. Os cães abandonados se abrigaram nas marquises, as pessoas abriram seus guarda chuvas e começaram a andar mais rápido, num ritmo desajeitado que, por vezes, se tornava cômico. 
A menina não estava na chuva, mas assistia a tudo entusiasmadamente. Tudo lá fora era novo aos olhos dela e tudo aquilo contrastava com o som da sua gaita de boca.
"You are my sunshine, my only sunshine...", e nem o novo lugar a fez esquecer dos velhos tempos. Sua consciência não estava mais ferida, quanto menos seu olhar havia permanecido cabisbaixo. É certo que nem ela mesma conseguia acreditar em todas as mudanças ocorridas no último mês, ainda mais naqueles momentos em que a gente para tudo e respira fundo. Nesses, a menina deixou de desabar, ainda que pensasse angustiadamente em como seria dividir aquilo com mais pessoas, mais faces torcedoras e amigáveis, quem sabe. 
Sim, ela estava surpreendida por não estar mais na chuva e por, finalmente, fazer parte da tal normalidade que ela sempre buscou se encaixar. Não há explicação, agora a menina está livre. Seus passos voam, sua roupa e seu cabelo balançam com o vento e seu sorriso, enfim, deixou de ser forçado. 
Os caminhos estão se realinhando e ela vai esperar a chuva passar. Quando a chuva passar, a menina irá lá fora e procurará o dono dos olhos cor de tempestade. Lhe contará sobre as pétalas das novas flores, lhe explicará sobre a origem dos sorrisos eufóricos e exprimirá o que esteve guardado com ela durante todo o inverno. 

A chuva passa, os sonhos ficam e se realizam.
Falávamos de amizade e cumplicidade e, dessa forma, a vida continua. 
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