10 de dezembro de 2021

Extraindo o melhor do caos

Já faz tanto tempo que ela não usa a própria imaginação. Todas as pequenas coisas parecem ter desaparecido do seu inconsciente, como pássaros que perdem seus ninhos porque a árvore foi cortada. Ela entra de porta em porta e todos os novos ares parecem cada vez mais densos e fica cada vez mais perigoso respirar naqueles lugares. No fim, todos os caminhos, ruas e vielas por onde ela passou deixaram cicatrizes, trouxeram consequências e assim como transformaram um pouco de quem ela é, ela também deixou um pouco de si para sempre naqueles lugares. 

Que sonho seria acordar amanhã com uma vida nova e pronta, com alegria transbordando pelos olhos, vinda de outro tempo que desaparece lentamente nas lembranças da menina. Provavelmente ela não sabia do quanto poderia antes, do quanto era forte e do quanto novas peças seriam importantes para acabar esse quebra-cabeças gigantesco. 

A menina entende que não precisa de um vício. Não precisa inventar um sonho que não é dela. Não precisa amar aquilo que não ama e nem mesmo fingir que está satisfeita. Quem vai estar ali por ela se nem mesmo ela estiver? Lá fora tem muito mais da mesma dor e sofrimento, mas também tem um dia novo a cada raiar de sol, uma oportunidade nova a cada respirar, uma vida nova em cada mínima escolha de sobreviver em meio ao caos. Como sempre, nada é pra sempre. 

E se, então, você perseguisse tudo o que te faz feliz? Será que da mesma forma que o abismo lhe olha de volta, a alegria também olharia? Será que você poderia voar se enxergasse isso em seus olhos? Será que sempre poderia fazer algo novo? Será que poderia correr ainda mais rápido, até alcançar?
Corra mais, corra mais rápido, ajeite seus passos, não pare para admirar os próprios tropeços, você é o mestre de si mesmo. Onde você está? Não existem remédios e não há como se entorpecer. Onde está o fogo? Talvez nem todas as perguntas tenham respostas. É melhor correr! Amadureça. 

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Um comentário:

  1. A melhor parte da vida é que não tem a ver com lógica. Pode olhar pro abismo e ver alegria. E o inverso também vale quando se procura a alegria.

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