18 de julho de 2018

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Aquele velho navio

Naquela manhã a chuva era fraca como essas manhãs de agora, o vento não era desses mornos, que antecedem tempestades, mas soprava em boas direções para quem ousasse navegar em um grande navio. Neste navio, a menina embarcou. 
De vez em quando as noites foram estreladas, cheias de brilho e novidade, com longas conversas e boas bebidas para a menina e o seu acompanhante, o general. Entretanto, algumas outras noites não puderam alegrar a todos, tendo lá as suas tempestades, que as vezes realmente faziam os marujos a bordo tremerem, mas em outras, as tempestades criadas pela própria menina, cabiam em um copo d’água e não assustavam ninguém além dela mesma.
Alguns dos momentos da vida da menina, ao lado de seu acompanhante naquele velho navio, foram os mais felizes que ela já viveu e mesmo que uma onda gigante os engolisse para dentro do mar e simplesmente levasse tudo embora para sempre, ela saberia que teria valido a pena. 
A bordo do navio, menina também pôde aprender que viagens longas, ainda mais realizadas a dois, merecem o máximo cuidado e o máximo de companheirismo e confiança, pois sozinhos somos incapazes de manter o navio inteiro, de segurar o leme e levantar as velas. Sozinho, aquele velho navio não se move e cada segundo sem o acompanhante é uma pausa no meio do mar, dentro de uma tempestade, sem bússola, mapa ou luz das estrelas e, assim, tudo deixaria de fazer sentido. 

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11 de julho de 2018

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Vinte e dois

Hoje a menina acordou em uma manhã chuvosa e cheia de afazeres para irromper com o silêncio da noite passada. Esse dia, apesar da chuva, apesar dos afazeres, apesar do barulho, é um dia especial. É o dia em que nasceu aquele brilho, o dia em que aqueles olhos abriram pela primeira vez e uma nova esperança e uma nova música surgiram. 
Nesse dia, a menina somente deseja poder sempre comemorar essa data tão especial ao lado dele, o seu amor, o seu herói. Com ele a menina renasceu, reaprendeu, enxergou novos motivos para sorrir, novos motivos para sonhar, para sentir. Com ele, a menina aprendeu e ensinou, viu e mostrou, ouviu uma nova história e tocou uma nova melodia. 
Obrigada, meu amigo, meu namorado, meu general cheio de anéis, por ser tão insubstituível em minha vida. Parabéns pelo seu aniversário, parabéns por continuar sempre em frente, com os olhos sempre brilhantes e a esperança sempre latente. Obrigada por dividir mais um dos teus anos comigo, anos estes em que sempre compartilhamos aprendizados, experiências, sonhos, e peço, claro, que permita sempre seguir em frente ao teu lado.

Porque quando a menina entendeu o que acontece quando se ama, ela notou que sem o amor nada sobrevive, muito menos ela. 
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26 de maio de 2018

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O despertar da força

Parece que, finalmente, a menina completou um ciclo daqueles ciclos que faziam parte dos seus sonhos para a posteridade. Um ano depois e tudo mudou, assim como as fases da lua mudam, assim como um livro muda parte daquilo que pensamos saber sobre o que somos e de onde viemos e assim como as árvores, que antes perdiam somente as folhas, podem agora também ser podadas e, por fim, voltarem a crescer. A menina relembrou que tudo pode passar e que todas as coisas são frágeis demais. Por conseguinte, ela ainda descobriu que algumas flores difíceis de cuidar nos são dadas por pessoas especiais e que merecem toda a nossa atenção. Além do mais, essas pessoas especiais cuidam mais da gente do que de qualquer flor. Há um ano atrás os olhos da pequena menina voltaram a brilhar, o coração voltou a acelerar e a força enfim se despertou. Há um ano atrás as chuvas se tornaram boas e fáceis de encarar, o sol ganhou mais vida, o sopro do vento fez-se mais descansado. Ele finalmente chegou. Ele chegou e trouxe a força com ele. Ele chegou e deu para a menina todo o seu coração e a menina deu todo o dela de volta. Ele chegou e permaneceu. Ele chegou e tornou-se o super herói da menina que nem merecia ter um herói particular. Ele tem os olhos mais brilhantes e complacentes do mundo. Ele tem o sorriso mais sincero que ela já viu e que faz a vida toda parecer mais leve. Ele tem as mãos mais seguras e mais afáveis e possui o calor mais confortante e mais protetor que a menina já sentiu. O seu herói é de carne e osso. Ele respira, ele é capaz de sentir, rir, chorar, se enraivecer, amar. A menina já sentiu vontade de colocá-lo em uma caixinha e nunca mais tirar os olhos dele. A menina já quis morrer envolta naquele abraço, pra que o mundo nunca mais existisse sem o som das batidas do coração dele. E, por fim, parece que apenas começamos.
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Dois anos de uma grande árvore

Porque há dois anos atrás ela não imaginava o tamanho da árvore que havia plantado e nem o quanto essa árvore cresceria. Porque dele é o coração dela, com todos os medos e os segredos. Porque, depois de dois anos, o mundo já não parece ser igual a antes. Nem mesmo o vento tem o mesmo toque. Nem mesmo as músicas que ela ouvia antes fazem algum sentido se ele não ouve com ela e dá a sua opinião sobre aquela letra que falava de um amanhã melhor. Porque as calçadas tem outro tamanho quando se está em par e isso é muito bom. Porque os cheiros, os gostos e até mesmo o olhar mudaram com esses dois anos que foram os em que a menina mais aprendeu e provavelmente mais cresceu. Ele esteve com ela e fez aquela grande árvore brotar e crescer. Ele esteve com ela e é melhor do que qualquer um pode ser. Em cada momento, sendo bom ou não, ele lhe deu a mão e mostrou um caminho novo. Ele esperou passar a chuva que a árvore que a menina plantou não suportou. Ele esperou debaixo da árvore e também, algumas vezes, se molhou. Ele também sentiu os raios do sol e a sombra perfeita pro calor que as vezes fez. Muitas vezes a árvore foi arranhada, mas está a cada dia mais curada e ele esteve junto da menina, zelando pela árvore, que agora fixa as suas raizes em um solo cada vez mais seguro. Obrigada por ser como você é. Obrigada por me dar a mão e por estar comigo em todos os momentos, inclusive quando as vezes não parece bom. Obrigada por compartilhar comigo a sua vida e por permitir que eu faça parte dela. Obrigada por sorrir, por sonhar, por cantar mesmo que fora do tom. E me desculpa por não escrever um texto tão bom.
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20 de março de 2018

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Cor de rosa

Algumas vezes ela imaginou que precisava ir muito longe pra encontrar o seu caminho, porém a menina se enganou. As vezes, tudo o que queremos é aquela rosa do nosso jardim que é igual a todas as outras rosas, porém é a nossa rosa querida e cuidada. 
O dia amanheceu tão calmo naquela manhã. O reflexo do fraco nascer do sol entrava pela janela do seu quarto e acabava com aquele breu. Quando o dia amanheceu, nada mais parecia estar tão ruim quanto na noite anterior. Tudo acaba, e as vezes acaba bem. 
A menina se arrumou e saiu. Será que já é tão tarde assim para que ela possa pular nas poças d'água, como uma criança alegre em uma manhã de outono? As vezes ela pensava ser tão grande em um mundo tão pequeno, contudo esse foi um dos seus piores erros: ela é que era tão pequena para uma terra tão grande, onde as outras pessoas também se achavam tão gigantes e faziam das suas vidas moeda de troca. Será que vale a pena? 
A menina não enxerga mais com os olhos banhados de orgulho e pretensão. Nada vale a pena se no fim, não tiver realmente um fim. Como assim? Acontece que a menina entendeu, enquanto pensava se podia ou não pular nas poças d´água, que o essencial, o verdadeiro, o nobre, aquilo que realmente importa, é invisível aos nossos olhos. No fim da sua reflexão, ela pulou na água, e então recebeu em troca algo invisível aos olhos, mas que era o seu desejo mais profundo: A pequena e, muitas vezes medrosa menina, sentiu-se feliz em enxergar a alegria naquele pequeno gesto e, quem sabe, sentir uma espécie de liberdade em enxergar com o coração. 
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14 de fevereiro de 2018

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Uma gota no oceano

A menina está tentando se acalmar, mas a paisagem passa muito rapidamente por seus olhos enquanto o carro corre. Ela entendeu que não precisa começar novamente, e muito menos precisa de mais tempo para perceber onde está. Isso depende somente dela, e talvez tenha sido sempre assim.
O vento sopra através da janela, o clima quente não a incomoda mais, uma vez que está em casa agora. Todas as árvores balançando, todos andando, todos impetuosos por vencer o mundo, mesmo que se precise ir contra o universo inteiro, mesmo que se perca um amigo nessa jornada. Parece tão difícil ir mais devagar. Parece tão difícil acreditar que existe um momento certo para todas as coisas e que não se deve adiantar os desprazeres e as dores da vida enquanto os males nem mesmo ocorreram.  
É tão difícil fechar os nossos olhos perante um mundo de caos. É tão difícil tentar ir mais devagar, porque as vezes parece que as ondas do mar irão nos levar para muito longe daqui e nunca mais nos encontraremos. 
Não vale a pena se for pra não ser verdadeiro. Não vale a pena se não for pra acreditar num amanhã mais calmo. Não vale a pena se nunca mais pudermos nos deitar naquele gramado e somente olharmos o céu. Não vale a pena se tivermos que sempre perder amigos e se sentir no dever de esquecer as boas lembranças. Não vale a pena se não soubermos o que é verdadeiro e o que não é. Nada fará sentido se um dia decidirmos nunca mais nos ver. O céu perderá o seu azul e a chuva não cessará nem mesmo ao fecharmos nossos olhos. Você se tornaria mais uma gota no oceano, mas ainda assim seria a gota que eu conheci. Mesmo de longe eu poderia saber que seria você e tudo o mais não importaria novamente.
A menina acredita que possamos ir mais devagar. Não precisamos começar novamente, não precisamos voltar ao início, não precisamos acabar. 
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31 de agosto de 2016

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Tempo

Não se pode mais parar no meio da estrada. Não se pode mais dar um abraço bem apertado e se mergulhar em lágrimas. Não se pode mais ouvir aquela velha música acompanhada com um café. Não se pode mais deitar na cama, enrolar-se e simplesmente dormir. Não se pode mais olhar no fundo daqueles olhos e o ouvir daquela boca as palavras mais lindas do mundo. Não se pode mais ouvir dizer que o mundo anda muito rápido e que tudo está virado em um caos. Não se pode mais dar as mãos e não querer nunca mais soltar. Não se pode conversar. Ouvir. Dizer que sentiu falta de alguém. Não se pode brincar, nem mais escrever. E hoje, logo pela manhã, descobri que já não se pode olhar para o céu e, em meio às nuvens, admirar o sol nascer. Nem ao menos fitar o que antes chamaríamos de infinito, posto que agora é somente um dia comum.
           Nós queremos o mundo de volta e queremos o mesmo vento que ventava naqueles fins de tarde na primavera passada. Quero muito, e você sabe, os mesmos pingos da chuva de setembro passado, onde outrora eu te conheci. Quero tanto e se o mundo todo parasse pra ver, veria que tudo o que eu quero no fim se resume em ficar com você.
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1 de junho de 2016

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Um café

O vento bate em nossas costas e aquilo se parece com a liberdade que sempre desejamos ter. Os raios do sol numa tarde de inverno refletem nos seus olhos, e aquilo lembra um afago amigo do qual ela antes sentira tanta falta. A rua está cheia de folhas caídas no chão. Isso, sem querer, nos fez ter vontade de chutar a calçada. 
       Sim, ela esperava por tudo isso como sempre esperou em cada novo ano, porém, agora, esses pequenos detalhes nos trazem uma vontade quase impulsiva de correr de mãos dadas e chorar de rir. Momentos assim, meus caros, são praticamente inesperados em nosso cotidiano, portanto, devem sem dúvida, serem aproveitados. 
      Há muito tempo que não falamos aquilo que está em nossos corações, há muito tempo deixamos a desejar com as nossas mágoas mal resolvidas, nossas questões internas e quase secretas, da qual nos afastamos, não mencionamos, fingimos não existir. Nós também somos fracos, também temos medo, também queremos somente que tudo fique bem no final. A gente precisa das nossas mãos dadas, porque sem isso o mundo parece não girar. Somos poeira estelar, vagando no espaço. Somos um ponto azul no meio do nada. Pra quê sermos importantes? Para quem sermos importantes? Para quem seja importante também e somente para esse "quem". 
      O vento bate em nossas costas, faz um barulho quase assustador em nossas janelas. Ainda assim, nós estamos a salvo. Nós estamos vivos e estamos olhando em nossos olhos com a maior resplandecência possível. Sinceridade, isso eu prometo para nós.
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4 de maio de 2016

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Meu herói

Talvez ela tenha passado muito tempo procurando por algo específico e deixado de viver o momento que lhe entregavam como um presente em suas mãos. Talvez ela tenha visto as folhas das árvores amarelarem e caírem outono após outono, mas não tenha se dado conta do que realmente aquilo significava. Talvez ou, na realidade, muito provavelmente, ela tenha deixado os anos passarem sem com que as folhas amarelassem e caíssem dentro dela e, por consequência, sem amadurecer novos frutos, novos ideais. 
     Talvez o café que ela estava acostumada a beber todos os dias de manhã, não fosse antes tão saboroso quanto agora é. Talvez chutar as folhas de outono que caem naquela rua tão conhecida não fosse antes tão divertido quanto agora é. Talvez e, na realidade, muito provavelmente, cada novo surgir do sol antes não tivesse tanto sentido quanto agora tem. 
      Ela encontrou quem risse das suas piadas infames. Ela encontrou quem chutasse as mesmas folhas e tomasse sempre o mesmo café. Ela encontrou quem achasse graça nos momentos em que ela falasse sozinha. Ela encontrou alguém com muitas manias, que embora diferentes das dela, não são menos importantes. Ela encontrou alguém com ideais austeros e exímios de opinião. Ela encontrou alguém que erra e admite que errou. Ela encontrou alguém que conserta. Ela encontrou um sorriso que por vezes é quase tímido, mas que constantemente se manifesta e resplandece no brilho do olhar. Aliás, "encontrou" aqui é somente para efeito de construção frasal. A menina não encontrou, pois ele não estava perdido. A menina conheceu. Reconheceu. Aconteceu. 
    No fundo, ela sabe que ele também foi um pouco responsável por salvar-lhe da completa escuridão. Ela admite que a vida é feita para se aprender e que nada está completamente solucionado, já que ainda haverão outras questões. Por hora, o que importa é que ela encontrou o seu herói, que faz o mundo ganhar um novo sentido e se tornar um lugar menos ruim de se viver. Sim, um herói sem capa e que ainda aprende a entender a vida, assim como ela.

E, por esse herói, o coração da menina arde.
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19 de março de 2016

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Que o amanhã pra sempre viva

O inverno ainda não chegou, contudo muitas folhas já caíram e muitos galhos já secaram e floresceram novamente. Nos últimos meses, a menina chutou as folhas de outono que caíam pelas ruas algumas dezenas de vezes a mais do que o número de chutes que deu durante o tempo que vivera da sua vida até ali. O tempo ainda não passou, mas é como se tivesse subitamente voado e lecionado à menina coisas que vão desde a pré história até o fim dos tempos e, ao passo atual, ela sabe que não chegou a nenhuma espécie de conclusão apropriada.
Hoje à tarde, a pequena menina decidiu correr novamente. Sim, ela sentiu falta dos pássaros que antes mal conseguia avistar, parecendo mais como borrões em uma tela de pintura colorida de azul. Ela sentiu falta dos pulmões cheios de ar e das vezes em que admirava a astúcia dos cachorros e gatos que perambulavam na avenida em busca de abrigo e proteção. Pode-se dizer ainda que ela tenha até sentido falta de estar verdadeiramente sozinha enquanto se sentia dessa forma, pois o pior estado de solidão é aquele em que estamos acompanhados ao mesmo tempo em que estamos sós e, inquestionavelmente, por vezes isso ainda persiste dentro dela. Nesta tarde, a menina tentou imaginar onde se abrigam todos aqueles pássaros quando a noite vem e tentou imaginar qual fora o local de nascimento dos animais de estimação abandonados. Mesmo sabendo da irracionalidade destes seres, ela se colocou no lugar deles e deu-os sentimentos imaginários. Por alguns segundos, a menina sentiu o que, para ela, os animais desamparados sentiriam: as pessoas veem, olham, passam e, por vezes, até alimentam, mas na realidade quase ninguém se importa com o bem estar, aliás, as pessoas são assim, e elas é que são racionais e corretas, não é mesmo?!
Não, a menina não chegou a uma conclusão sobre tudo o que aprendeu e ainda vem aprendendo, mas elegeu como primeira certeza o fato de que ninguém precisa se contentar com tentativas. Vá e faça e espere que façam também.

Chegado o final do dia, a menina desenhou um coração no vidro embaçado do banheiro, desejando que o coração dela nunca parasse de acreditar no amanhã.
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